ZYG - Por Paulo Maria Rodrigues

ZYG é uma experiência artística num espaço imersivo onde a música e a dança se cruzam para explorar as fronteiras entre a comunicação, o jogo informal, a descoberta dos sentidos e o instinto da arte. Especialmente pensada para crianças dos 0 aos 36 meses, num formato íntimo, original e inovador, ZYG resulta de uma parceria entre a Companhia de Música Teatral, a Fábrica das Artes e a companhia de dança contemporânea norueguesa Dybwikdans, com o apoio do programa Pegada Cultural | Primeiros Passos.


As primeiras apresentações de ZYG aconteceram na sexta-feira, 19 de Fevereiro, com crianças do jardim de infância da Cooperativa Torre. No sábado e domingo houve apresentações para grupos de seis bebés (os grupos foram geralmente mistos, com crianças entre os dois meses e os três anos de idade) e seis adultos. Na tarde de sábado houve também a Performance-Conferência ZYG, um formato que incluiu um primeiro contacto pelos sentidos (no espaço, com os dois “interactores” a estabelecerem um “diálogo" dos corpos com o som e o espaço) e, em seguida, um debate aberto com o público (educadores, artistas e programadores).

ZYG tem sido uma experiência maravilhosa. Um caminho percorrido ao longo de vários meses, iniciado por uma partilha de ideias, construído por muitas dúvidas e uma vontade muito grande de interrogar o que é a essência da comunicação e de que forma a arte (no cruzamento do som, movimento e espaço) pode criar o colo onde o tempo e espaço habitam o corpo de cada um. E dos bebés em particular. Com a estreia de ZYG, com a presença dos bebés e dos pais, das crianças e educadores, veio o espanto, a escuta e sensação de estarmos todos em profunda relação. Estamos sempre a aprender. Sempre à procura.


Até 13 de Março, ZYG está no "ninho" que o acolheu quando ainda era uma ideia, a Fábrica das Artes do CCB. Tem sido um privilégio. O carinho, o rigor, o tempo, a troca de ideias. Haverá apresentações e também uma série de acções de formação que foram denominadas de Variações sobre ZYG. Serão uma reflexão-vivida sobre a importância das experiências artísticas na primeira infância construída a partir do universo de ZYG. Nascemos musicais, com a capacidade de fazer e de apreciar o som e o movimento e é essencial que, nas primeiras idades, as crianças construam um "vocabulário emotivo/estético" feito de experiências ricas, profundas e diversificadas. Olharemos para ZYG de três formas diferentes. Na primeira sessão começaremos por promover um contacto "emotivo/sensorial", seguido duma "desconstrução" do processo criativo e um conjunto de actividades de escuta e expressão sonora/musical. Na segunda sessão proporemos um olhar mediado por ideias como musicalidade comunicativa, protocomunicação, linguagem não-verbal, autenticidade, disponibilidade interior, brincar. Na terceira traremos uma visão "de dentro do corpo" muito influenciada por ideias como "embodiement" (do som, do espaço, do tempo) e musicalidade do movimento. Será também o olhar de quem faz ZYG "estando lá mesmo". Não explicaremos o que não pode (nem deve) ser explicado: o espanto continua a ser a forma mais fértil de conhecermos as coisas. Procuraremos, com os adultos, continuar a aprender o que os bebés nos têm ensinado: a escutar com o corpo todo, a olhar os sons, a tocar as formas.

Paulo Maria Rodrigues
(Nota: O autor escreve de acordo com a antiga ortografia)


ZYG

Direção artística Paulo Maria Rodrigues e Siri Dybwik / Coreografia Siri Dybwik / Música Nills Christian Fossdall e Paulo Maria Rodrigues / Recursos educativos Helena Rodrigues / Espaço cénico Miguel Ferraz / Blobobjects Izabel Rocha / Consultoria na realização plástica Raquel Gomes / Figurinos Evelyne Rohrer / Eletrónica Rui Penha / Intérpretes Pedro Ramos e Sandra Rosado

Podem encontrar mais informação sobre ZYG no site do CCB.

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